sexta-feira, 8 de julho de 2011

Não passes de mim, Senhor!


Quando na bíblia se diz que a palavra é como espada de dois gumes que penetra fundo a ponto de separar ossos de medula e alma de espírito, muitas vezes não damos a necessária importância, mas o fato é que é exatamente o que acontece com o servo que busca realmente ser transformado pelo poder restaurador.
“ A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.  (Sl 19  7)

Alma no grego significa psique, então a Palavra  de Deus tem o poder de restaurar todo o ser psicológico do homem,de acender como lâmpada o mais profundo do que está no centro de suas emoções. 

Nas guerras medievais, contadas na bíblia, os guerreiros usavam espadas, essas espadas eram as armas de guerra, e em muitos casos pessoas eram atingidas por essas espadas e feridas profundamente e até mesmo mortas. Claro que essas feridas causavam muita dor, pois dilaceravam a carne, rasgavam mesmo, fazia a ferida ou até mesmo matavam.
E assim é nos dias de hoje com aquele que busca realmente ser como seu Senhor. Esse tem sua carne dilacerada e rasgada, pela a espada de dois gumes, que penetra lá em suas entranhas, a ponto de arrancar do valente um urro de dor. Ou até mesmo matar, o velho homem.
Mas logo Jesus, vai usar essa comparação? Fazer esse paralelismo?
É porque em momento nenhum vamos vê-lo dizendo que se agrada dos covardes, muito pelo contrário Ele o tempo todo nos diz: Seja forte e corajoso, porque eu sou contigo!
Mas podemos ver que tem dois tipos de servos, Abraão quando viu que o Senhor nos carvalhais de Manre vinha a seu encontro, ele estava sentado na porta de sua tenda e ao levantar a cabeça se apressou porque percebeu se aproximando três homens. O que fez Abraão?  Inclinou-se rosto em terra:
- Se achei mercê diante de ti, não passes de teu servo!
E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo.
Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore;
E trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo. E disseram: Assim faze como disseste”.     (Gn 18  3 a 5)

Isso agradou o Senhor  tendo visto a resposta dos homens: - assim faze como disseste. Na verdade Abraão naquele momento, se mostrou muito sensível  espiritualmente, percebeu vindo se aproximar a presença da Glória,  se prostrou e adorou.
Mas isso foi agradável ao Senhor? Sim, claro que agradou ao Senhor! Ele se apressou em preparar água para lavar os pés , e isso até nos faz lembrar a mulher que lavou os pés de Jesus com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. Se apressou também em preparar uma mesa, descanso, conforto.
 Mas isso não é o Senhor quem nos faz? Quando diz: -  “Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. 
 ... Preparas uma mesa...       ( Adap. Sl  23)

Ele nos faz, mas também é importante que façamos a Ele, que O adoremos, que possamos provar nosso amor e não somente buscá-lo pelo que Ele pode nos oferecer.

Voltando ao gesto de Abraão, podemos ver na história que o Senhor não deixa que nada passe despercebido á Sua soberania, pois nesse momento,  Ele o Todo-poderoso, fez a promessa a Abraão que vinha exatamente de encontro á necessidade do coração dele; um filho. Era o que mais Abraão desejava! Mas também super abundou com suas bençãos, falou de coisas grandes e ocultas as quais homens não podiam sondar, falou da destruição de Sodoma e Gomorra, com isso abriu a visão de Abraão para servir de intercessor, pois seu sobrinho Ló , ali habitava. E Abraão então intercedeu pala cidade, mas quem se salvou foi apenas Ló e suas duas filhas, nem sua esposa se livrou de tamanho juízo, pois foi desobediente, podemos então aprender com isso que nem a intercessão de um homem muito amado pode livrar  um coração infiel do juízo.
Mas Abraão com seu gesto de se prostrar, de preparar ao seu Senhor um momento de intimidade em que Jesus pôde revelar os segredos de Seu coração, recebeu por sua vez muito mais do que podia imaginar, recebeu a promessa, foi compartilhado com ele segredos do Senhor e foi capacitado para ser instrumento de intercessão, e essa intercessão foi o que livrou Ló e suas duas filhas do vale da sombra da morte.
E se formos mais adiante na história podemos perceber que através dessa atitude de Abraão dois povos vieram a existir,  o povo de Amom e o povo de Moabe. Mas talvez não tivesse sido contado a esses povos que foi através dessa intercessão e da misericórdia do Senhor que eles vieram a existir, pois esses povos sempre foram rebeldes a palavra do Senhor.

Temos também o exemplo de Sara, esse não muito louvável, pois no momento em que o Senhor fez a promessa do filho essa duvidou em seu coração e de uma certa forma deu um riso debochado, ao sentir que ela duvidou o Senhor a exortou, e ela em seguida mentiu, dizendo que não riu, nem  duvidou. Mas o Senhor conhecendo os corações disse: - Riu sim!

Qual dos exemplos devemos seguir? Qual atitude e comportamento devemos ter diante daquele que:
“... não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.  Hebreus 4:13

Devemos nos prostrar diante da grandeza, diante da profundidade, diante da sabedoria, daquele que é o Único. Devemos nos entregar de corpo, alma e espírito nos pés daquele que é autor e consumador da nossa fé. Devemos preparar momentos de intimidade para que Ele se sente a mesa conosco, que nos revele quem Ele é, que nos leve além. 
 Que Ele não passe além de nós, antes de nos fazer conhecê-lo, antes de nos fazer conhecer o que flui em Seu coração. Aquele que nos leva a andar nas maiores alturas como fez com Abraão, fazendo dele um Amigo de Deus. Fazendo homens e mulheres irem em busca de tesouros ocultos e escondidos.
Os homens põem termo à escuridão e até aos últimos confins procuram as pedras ocultas nas trevas e na densa escuridade”.(Jó 28 3)

Capacitando homens e mulheres de entrarem nas cavernas ocultas do nosso ser, dissipando e pondo termo á escuridão das nossas almas, tornando patentes as preciosidades da nobreza da alma humana e sendo transformados de glória em glória.
A alma do homem não é nobre por si só, mas se transforma de glória em glória.

Essa palavra tem soado aos meus ouvidos já uns dias, um sopro do Espírito, uma declaração de amor, na verdade tem vindo como um golpe da espada de dois gumes, que penetra fundo a ponto de me rasgar as entranhas e me doer, uma dor como de noiva que anseia de saudades pelo Noivo, um desejo de prostrar-me com o coração contrito e dizer:
- Senhor, se achei graça aos teus olhos, rogo-te, não passes de teu servo, não passes de tua serva!


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